domingo, 14 de agosto de 2011

As Mãos do Meu Pai

poemas de mario quintana para o dia dos pais

As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

(Mario Quintana)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!









quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Dia de Chuva

Hoje a chuva cai lá fora, tirando a alegria de muitos, que cabisbaixos, andam encolhidos, atravessam ruas, andam apressados para seus compromissos inadiáveis. Para alguns a chuva traz transtornos, chateação, mau humor, intolerância no trânsito e no tratamento com os outros.
Apesar de todos esses transtornos, nunca encarei a chuva como um problema, ela me traz alegria, boas recordações. Me faz lembrar do meu tempo de criança, quando corria na chuva, com a roupa colada ao corpo, pisando, descalço, nas poças de água no gramado de casa, rindo feliz, sem me importar com os irritados “sai da chuva”, “vai ficar doente, menina” ou “a mãe vai brigar com você”. Depois de tanto brincar, correr, pular, ficar rodeando com os braços abertos, cabeça levantada, para sentir a chuva cair no rosto, entrava em casa, tomava um banho quente, deitava embaixo de uma montanha de cobertas e adormecia, escutando o barulho da chuva no telhado. Como era bom!!!
Lembro-me, também, de um dia estar em casa com meu marido, olhando a chuva pela janela, ajoelhados no sofá. Falei para ele:
- Um dia vamos tomar um banho de chuva?
- Se for agora - me respondeu ele.
Pulamos do sofá, eu não acreditando...
Voltei a ser criança. Saí com ele na chuva. Acho que eu estava me divertindo mais do que uma criança. Corremos, brincamos de roda, pulamos...Foi maravilhoso!!!
Em dia de chuva, a imaginação ganha asas. Tanto para brincar fora ou dentro de casa. Tudo é mais divertido. Dentro de casa, as almofadas do sofá, passam a ser animais. A mesa, passa a ser caverna. A cama, um grande navio, enfrentando uma tempestade. Vassouras e rodos, são cavalos. Sem contar no jogos, que aproveitamos para jogar. Nos filmes que assistimos. No livro, que foi esquecido na estante, que voltamos a ler. Fazemos coisas que nem nos lembrávamos de como é gostoso.

Agora pense: um final de semana de chuva não é pouco, para tantas coisas legais que se tem para fazer?

No próximo dia que chover, aproveite para dormir um pouquinho mais, escutando o barulhinho no telhado. Assista um bom filme. Brinque, volte a ser criança. Sabe aquele livro ou revista? Aproveite para ler. Jogue, jogos de tabuleiros, de carta, palavras cruzadas... Faça pipoca, chocolate quente, bolinho de chuva, pão de queijo... Escute música, faça uma seleção das que você mais gosta. E se você tem alguém especial, saia tomar um banho de chuva, sem pressa, sem se importar com a roupa, com o cabelo, você vai ver como vale a pena um dia de chuva.